Depois de anos de espera, Batman enfim chega aos cinemas brasileiros, nesta semana. A nova versão cinematográfica do Cavaleiro das Trevas, vivida por Robert Pattinson, é apresentada em uma história de detetive pelo diretor Matt Reeves, na qual o cineasta abraça diversas influências dos quadrinhos da DC e do cinema. Para que você possa aproveitar mais ainda cada uma delas, o Omelete lista abaixo sete títulos da editora que merecem ser conferidos antes ou depois de assistir ao novo filme.
BATMAN: ANO UM
Embora Batman se passe no segundo ano de atividades do Homem-Morcego em Gotham, muito do trabalho de desenvolvimento de mundo que Frank Miller emprega nessa HQ de 1986, com artes do italiano David Mazzucchelli, é ecoado por Reeves. Tanto nas páginas quanto no novo filme, o cenário desigual, decadente e desesperado da cidade é apresentado de forma orgânica, conforme acompanhamos os contatos do herói-título com figuras como James Gordon, Selina Kyle e Carmine Falcone. Além disso, a estética banhada em neon e inspirada em filmes setentistas como Taxi Driver (1976), vista no papel, é repetida com força pelo diretor.
BATMAN: ANO DOIS
A tendência do Batman ao isolamento e à misantropia são partes importantes da caracterização do personagem no novo filme. Nesta HQ de 1987, o roteirista Mike Barr explora a fundo as duas questões — com artes de Alan Davis e Todd MacFarlane. Confrontado pelo retorno de um vigilante sanguinário que patrulhou Gotham anos antes, Bruce Wayne deve escolher entre abraçar a brutalidade como ferramenta de combate e igualar o cenário, ou rejeitar o uso de força letal em nome do heroísmo. Com uma boa dose de complicações pessoais no meio disso, é uma aventura que conversa bem com a narrativa pensada por Reeves para as telonas.
BATMAN: TERRA UM
A HQ de 2012, assinada por Geoff Johns com arte de Gary Frank, reimagina a origem do Cavaleiro das Trevas em um universo alternativo. Mais realista, apresenta um Bruce Wayne com novas falhas de caráter e um plano de ação por vezes equivocado, estruturado em casa com a ajuda de um Alfred mais bélico e menos parternal. Enquadrar o Homem-Morcego como ser empenhado em executar uma vingança pessoal por meio de atos heróicos é, de certa forma, uma premissa reconfigurada por Reeves em Batman, mas o diretor consegue misturá-la a influências mais clássicas e atemporais para fazer essa modernização fluir de maneira mais sutil.
BATMAN: EGO
Dono de um dos róls de vilões mais celebrados dos quadrinhos, o Cavaleiro das Trevas enfrenta uma inesperada e quase implacável ameaça nessa história de 2000, escrita por Dawyn Cooke e vencedora do prêmio Eisner: ele mesmo. A trama coloca Bruce Wayne em confronto com seus fantasmas psicológicos de uma maneira nunca antes feita — encarnados — impulsionando o herói a avaliar a relação de causa e efeito que o Homem-Morcego dispara em Gotham City, bem como pensar nos porquês de sua vida dupla. Muito desse dilema se faz presente em Batman, e Reeves já afirmou publicamente ter se inspirado em Ego para isso.
BATMAN: EU SOU SUICIDA
O Batman, por definição, carrega um ímpeto autodestrutivo deixado pelo trauma de Bruce Wayne ao ver seus pais sendo mortos, ainda quando era criança. Nessa HQ de 2016, assinada por Tom King na revista principal do Cavaleiro das Trevas, isso é explicitado por meio da confissão, feita à Mulher-Gato, de que ser o Homem-Morcego é parte de uma fantasia suicida; o fruto da vontade de se reunir a Thomas e Martha Wayne. Essa dimensão humana dada à psicologia do personagem é uma boa companhia para reverberar o trato similar dado ao personagem em seu novo filme solo.
BATMAN: O LONGO DIA DAS BRUXAS
São muitas as referências diretas que Batman faz a esse arco célebre dos quadrinhos, escrito por Jeph Loeb e desenhado por Tim Sale entre 1996 e 1997. No essencial, entretanto, fica o fato de que essa é provavelmente a trama detetivesta definitiva do Homem-Morcego no século passado, o mergulhando a fundo no submundo de Gotham para resolver uma série de assassinatos misteriosos que começam no Halloween — assim como acontece no novo filme.
BATMAN: VITÓRIA SOMBRIA
A dupla Loeb e Sale explora as consequências do sinistro feriado nesta sequência direta, de 1999, que vê o Cavaleiro das Trevas mais uma vez seguindo os rastros de um assassino misterioso. Menos operística que a trama anterior, mas ainda rica de referências ao noir, essa aventura traz dimensões interessantes a vilões tradicionais como o Charada, Coringa, Duas-Caras, mas principalmente quanto à relação de Selina Kyle, a Mulher-Gato, com Gotham City e seu submundo criminoso. Não é à toa que a HQ figura nesta lista: a personagem é essencial à trama de Batman.
BATMAN: A CORTE DAS CORUJAS
Há muito da estética do horror empregada no visual e no modus operandi do Batman, a começar pelos claros paralelos vampirescos que o Homem-Morcego invoca. Neste arco que teve início em 2011, o roteirista Scott Snyder e o artista Greg Capullo reforçam esses elementos ao mesmo tempo em que constroem uma vertiginosa trama de investigação sobre o passado de Gotham, atravessando terias da conspiração, sociedades secretas, simbologia profana e revelações capazes de impactar diretamente a psiqué e a visão de mundo de Bruce Wayne. Descobertas do passado também são essenciais à trama pensada por Reeves, que repete o flerte com o terror em alguns breves momentos.
ASILO ARKHAM – UMA SÉRIA CASA EM UM SÉRIO MUNDO
Falando em passado: antes de apontar Reeves como diretor e roteirista de Batman, Ben Affleck trabalhou arduamente para emplacar uma adaptação desta HQ de Grant Morrison com artes de Dave McKean. Lançada em 1989, ela joga luz sobre a obscura relação centenária das famílias Wayne e Arkham, além de trazer o Cavaleiro das Trevas em maus lençóis no interior do hospital psiquiátrico mais famoso dos quadrinhos. Por mais que o novo filme tenha seguido por um outro caminho em termos gerais, uma parte desse interesse no passado dos pais fundadores de Gotham permanece e ecoa essa obra impressa essencial do Morcegão.
BATMAN/MULHER-GATO
Série limitada ainda em publicação pelo selo Black Label da DC, essa trama conduzida por Tom King explora a dinâmica de confidência estabelecida entre Bruce Wayne, o Homem-Morcego, e Selina Kyle, a Mulher-Gato. Em meio a situações mais mundanas ou combates de vida e morte com vilões variados, o roteirista ilustra como os tons de cinza na vida da anti-heroína se equilibram à visão de mundo em preto e branco do Cruzado Encapuzado. Tudo graças ao amor que floresce entre ambos, é claro. Qualquer semelhança com o que faz Matt Reeves em Batman não é mera coincidência.
BÔNUS: BATMAN: ANUAL #2 E BATMAN: GOTHAM 1889
E já que falamos dessa dinâmica de casal diferenciada entre Bruce e Selina, fica a recomendação da linda história curta sobre os dois presente em Batman: Anual #2. Além de explorar o equilíbrio entre a gata e o morcego, Tom King projeta aqui qual seria o desfecho de um casamento entre os personagens. É difícil não se emocionar. Para quem preferir arrepios, o roteirista Brian Augustyn e o artista Mike Mignola imaginam o embate entre o Cavaleiro das Trevas e Jack, o Estripador em Gotham 1889, que empresta mais do só a golinha no uniforme do herói ao filme que acaba de chegar às telonas.
Fonte: Omelete.